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“REPENSANDO AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS DO HOJE”

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Mensagem  Admin Ter Nov 06 2007, 20:21

“REPENSANDO AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS DO HOJE”
(Dra. Daniela Fernandes, Psicopedagoga)

Ao resolver escrever umas simples linhas para partilhar neste espaço sobre a temática das relações interpessoais que se vivenciam na actualidade pensei ser relevante iniciar com a frase de um autor que, de alguma forma, ao perspectivar a sociedade dos dias de hoje como uma sociedade constituída por indivíduos que estão cada vez mais longe de si e dos outros, resume em duas linhas a necessidade urgente de se dedicar a este facto, a esta realidade visível aos olhos de todos nós, um olhar mais profundo e compreensivo que permita o seu repensar.

“É indispensável insistir neste princípio: o desenvolvimento humano só poderá ser adequadamente atingido por meio da reforma das relações interpessoais” (Humberto Mariotti)

De facto, torna-se urgente repensar os modos de relacionamento social que hoje se vivem, se executam, e que transformam a sociedade num manto social cada vez mais mecânico e menos humano. Arriscar-me-ia ainda a dizer, num manto social cada vez mais doente, tendo em consideração a definição de saúde da OMS (Organização Mundial de Saúde).

Todos os dias me deparo com crianças que interagem com o outro na base da indisciplina, da delinquência, da violência e agressividade. Observo aquelas outras que, silenciosas e tenebrosas, enclausuradas numa timidez amarga, vivem desconectadas de si, do outro, do mundo. Vivencio isto e entristeço-me por ver semelhante triste cenário. Vivencio isto e congratulo-me por estar a contribuir, nem que seja um pouco, para a reforma deste tipo viciado de relações interpessoais que condenam
a criança, o adolescente, o adulto à infertilidade do Ser.

Do estudo e reflexão na área das habilidades sociais e das relações interpessoais é possível salientar, tal como defende Margarida Gaspar de Matos (1998), que comportamentos sociais aparentemente opostos, como a agressividade ou a inibição reflectem, na realidade, embora de modos distintos, uma dificuldade de relacionamento com os outros, dificuldade esta que se prevê geradora de conflitos a vários níveis (exº consigo mesmo, com os colegas, com os professores, com os pais, com a autoridade) e associada a situações como o insucesso escolar, gravidez precoce, delinquência, uso, abuso e dependência de substâncias psicoactivas, tentativas de suicídio.

Embora o défice ao nível das habilidades sociais não surja nestes casos como único factor de causalidade, estamos perante uma variável que, se trabalhada, além de cooperar na prevenção das referidas situações permite promover a saúde dos indivíduos no seu sentido holístico de completo bem estar biopsicossocial e não apenas ausência de doença.

A aprendizagem das habilidades sociais começa logo no início da vida e continua pela vida fora, acontecendo, em geral, como um processo natural de imitação de modelos disponíveis no envolvimento do indivíduo, como nos refere Bandura, 1976, e Pareja, 1981, cit per Matos, 1998.

Quando esta aprendizagem não se faz de modo natural, quer porque os modelos disponíveis não são eles próprios competentes socialmente, quer porque os modelos sendo adequados estavam pouco disponíveis para a criança, quer porque a criança observou estes modelos interagindo num reduzido número de situações, quer, ainda, porque o sucesso social no subgrupo específico que incluía a criança estava ligado a factores não considerados socialmente aceitáveis fora deste subgrupo, neste caso, o indivíduo pode lucrar com uma aprendizagem específica destas competências através de um programa de treino de habilidades sociais.

O ser humano é um ser sociável e, o isolamento, o seu pior castigo. Não está o Homem isolado nos dias de hoje? Isolado não só dos outros mas fundamentalmente de si?

Somos sujeitos de construção e de relação ao longo da vida. Ajudemos os nossos filhos a caminhar na calçada da socialização. Ajudemos o outro. Ajudemo-nos a nós. Enveredemos por esse caminho de aprendizagens rumo à mudança. Contribuamos para o ajustamento intra e interpessoal do indivíduo e da sociedade promovendo a sua saúde.

Concluo concordando com Humberto Mariotti e frisando que se deve insistir na promoção das competências de vida, competências chave que nos permitem viver na sociedade do conhecimento, frisando que “Aprender a Ser” seja talvez, nos dias de hoje, mais importante do que as aprendizagens formais que se pretendem fazer passar pois, quererão os Homens submeter-se a aprendizagens quantitativas, reversíveis e facilmente esquecidas, ou a aprendizagens qualitativas, que lhes permitam um melhor relacionamento consigo, com os outros, com o mundo, dando-lhes asas para voar, agora sim, pelos campos das aprendizagens formais?

A saúde é condição necessária para se atingir objectivos de vida. Trabalhemos nesse sentido de mãos dadas. De facto, urge essa necessidade. É necessário escavar as estradas de alcatrão sobre as quais hoje se vive procurando o cheiro da terra. Só assim, em plena homeostasia, pode o Homem atingir a auto-realização tão esperada e desejada.

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